Já era tarde, a cidade estava como sempre barulhenta. Saindo do cursinho, sempre me deparo com aquela grande e agitada avenida, milhares de luzes provenientes de carros criam uma dança sincronizada e monótona, fileiras e fileiras de luzes em um corredor infinito, palavras se perdem entre as buzinas, um número incontável de pessoas andam depressa, a fumaça de seus cigarros mistura-se com a fumaça dos carros, formando um véu negro sobre a Avenida Paulista, e , as luzes dos seus prédios finaliza o cenário caótico do espetáculo dessa pequena parte da metrópole.
Mas ontem não.
Ontem, via uma fina neblina da chuva sobre as luzes dançarinas, é como se o véu negro fosse purificado pela chuva fina e intensa que caía sobre nós. Ontem, não haviam palavras perdidas nas buzinas, mas no barulho do cair das gotas que eram lançadas do céu. Sim, a "Avenida Cinzenta" se transformara em uma cortina branca que escondia seus prédios, suas luzes, abafava suas conversas e fazia que poucos parassem só para ver esse estranho episódio da avenida mais importante do país. Será que isso sempre acontece e eu nunca reparei?